Conversas com Janete
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A Traição China-Vaticano - 5
Conferência Vaticano-China endossa
ideologia comunista
Minha amiga Janete estava se perguntando o que acontecia no cenário Vaticano-Pequim. Ela conhecia bem o Acordo de 2018 – renovado três vezes desde então – que deu à Associação Patriótica Católica (CPA), controlada pelos comunistas, o direito de escolher seus bispos, com a aprovação dos candidatos pelo Papa.
Contudo, ela não sabia das novas regulamentações na China que permitem os padres católicos ministrarem apenas em locais de culto reconhecidos pelo governo. Tampouco sabia que menores de 18 anos não podem entrar nesses lugares — uma maneira infalível de apagar lentamente a face da Igreja na China...
A propósito, Janete soube que o Vaticano havia patrocinado recentemente uma grande conferência na Pontifícia Universidade Urbaniana, em Roma, e ela se perguntou no que isso teria ajudado a Igreja Católica Subterrânea, que parece ter desaparecido das notícias.
Lamento dizer à minha amiga, eternamente otimista, que certamente não o fez. Na verdade, a Conferência só contribuiu para piorar a situação dos fiéis católicos na China, fazendo mais concessões à CPA controlada pelos comunistas.
Conferência em Roma
Em 21 de maio de 2024, o Vaticano patrocinou uma grande Conferência internacional Roma-China comemorando o legado do Concílio de Xangai de 1924, o primeiro concílio plenário realizado na China em comunhão com Roma para promover um clero e uma hierarquia chineses autóctones. Com efeito, essa chamada “comemoração” foi apenas um pretexto para mostrar que o Papa Francisco continua comprometido em fazer todos os compromissos com o regime comunista chinês.
Presentes na reunião do lado do Vaticano estavam os pesos pesados Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado, e Cardeal Luís Antônio Tagle, chefe do Dicastério para a Evangelização. Ambos são progressistas de alto nível e favoritos de Francisco.
O lado da China incluía o notável jogador estrela Bispo Joseph Shen Bin de Xangai, presidente da Conferência dos Bispos Católicos Chineses, controlada pelo governo, mas não é oficialmente reconhecida pelo Vaticano. Isso significa que ele estava representando o Governo Comunista Chinês e não a Igreja Católica.
O Bispo Shen Bin é ainda mais controverso, pois no ano passado as autoridades chinesas – violando seu acordo com Roma – o designaram para o posto de Arcebispo de Xangai sem consultar o Papa. Não houve protesto formal como deveria ter havido. Em vez disso, Francisco aceitou o desaforo chinês e respondeu com uma ratificação quase imediata da escolha.
A presença de Shen Bin como orador principal na Conferência de Roma pode ser vista como uma afirmação adicional de que a Santa Sé apoia a decisão do regime chinês de agir unilateralmente na nomeação de Bispos.
O Bispo Shen Bin exige, o Vaticano ouve
O Bispo Shen Bin foi intransigente. Exigiu ele que a Igreja Católica na China continuasse seu programa de "sinicização", que é essencialmente "comunização.” O termo, inventado pelo líder chinês Xi Jinping em 2016, significa que o catolicismo na China deve seguir os “valores socialistas essenciais” do país, ou seja, a ideologia do Partido Comunista Chinês.
Deixe-me observar que ironicamente, a única "ideologia" permitida e até mesmo adotada pelo Papa Francisco parece ser o comunismo. Como os tradicionalistas sabem, ele constantemente delira contra quaisquer "ideologias" na Igreja Católica. De fato, em uma entrevista na CBS 60 Minutes transmitida na mesma semana da Conferência, ele proclamou: “Toda ideologia é ruim, seja de direita, de centro ou de esquerda.”
Ele não disse a verdade como ela é, pois ele apoia claramente a ideologia comunista. De fato, Francisco abriu a Conferência de Roma com uma mensagem em vídeo na qual reconheceu que a Igreja na China comunista deve “ter cada vez mais um rosto chinês” e, assim, alinhar-se à ideologia comunista.
Em seus discursos, tanto o Cardeal Parolin, um dos principais arquitetos do acordo de 2018, quanto o Cardeal Tagle reafirmaram que a Igreja Católica não representa nenhuma ameaça ao controle de Pequim sobre a Igreja e até mesmo chegou a admitir humildemente os "erros" do passado cometidos por missionários ocidentais em seus valentes esforços de conversão.
Tagle ressaltou o papel do diálogo para atingir a fraternidade universal, mencionando especificamente a Declaração de Abu Dhabi sobre a Fraternidade Humana como um exemplo (que leitor pode ver
aqui e aqui), junto com a encíclica Fratelli Tutti de Francisco (analisada por Atila Guimarães
aqui, aqui, aqui e
aqui).
É nada menos que uma confirmação do acordo de Roma em colocar a Fé Católica no mesmo nível dos credos das falsas religiões. Ou melhor, como Guimaraes observa, “é o sonho de uma República Universal ou de uma Ordem Mundial Única, assistida de modo subserviente por uma Pan-Religião na qual todas as convicções religiosas devem se fundir e se fundir.”
O fato de Tagle apresentar esses dois exemplos demonstra claramente a posição do Vaticano na conferência China-Roma.
Tanto Tagle quanto Parolin efetivamente endossaram as demandas estabelecidas pela insistência do Bispo Shen Bin na "sinicização" da Igreja Católica na China. “A política de liberdade religiosa implementada pelo governo chinês não tem interesse em mudar a fé católica, mas apenas espera que o clero e os fiéis católicos defendam os interesses do povo chinês e se libertem do controle de potências estrangeiras,” disse Shen Bin em seu discurso.
Convido você, minha cara amiga Janete, a considerar o absurdo das palavras de Shen Bin. Como o governo pode não mudar a Fé Católica se insiste em se libertar de qualquer “controle” de poderes estrangeiros, que neste caso significa o Papa em Roma? Como uma pessoa pode fazer parte da Igreja Católica sem reconhecer a Sé de Pedro? Negar a primazia do Papa é heresia; hoje os comunistas chineses chamam isso de “Sinicização,” e um Vaticano sorridente entra no jogo…
Nenhum dos palestrantes na Conferência de Roma ousou falar ou criticar sobre a violação dos direitos humanos ou da liberdade religiosa na China. Isso, apesar dos relatórios oficiais da Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional que revelam perseguições crescentes e condições deterioradas para a liberdade religiosa.
Os Cardeais fizeram um pedido humilde por parte do Vaticano, uma solicitação de “uma presença estável” na China, implicando um possível escritório em Pequim. Eles não ousaram propor uma embaixada ou nunciatura apostólica, apenas um escritório... É o Vaticano que implora e os comunistas que deliberam e decidem...
A nova repressão à Igreja subterrânea
É claro que os resultados desta Conferência piorarão a condição da Igreja Subterrânea na China, que embora muito reduzida ainda sobrevive e resiste valentemente aos compromissos com o Comunismo.
Os cardeais na Conferência de Roma poderiam ter levantado o desaparecimento recente de dois padres católicos chineses da Igreja Subterrânea na província de Hebei que
foram mencionados num relatório foram mencionados num relatório como "desaparecidos" desde abril de 2024. Os padres foram detidos porque se recusaram a assinar documentos aceitando a autoridade da CPA sancionada pelo estado. Seu paradeiro permanece desconhecido.
Entre muitas outras detenções, há o caso do Bispo Ma Daqin, ex-bispo de Xangai que está em prisão domiciliar desde que deixou as fileiras da CPA. O governo chinês nomeou unilateralmente um novo bispo da CPA de Xangai em abril de 2023. Isso não foi apenas uma violação do acordo Pequim-Roma de 2018, mas uma falha em protestar contra a prisão domiciliar de um Bispo católico fiel.
Detenção e prisão estão rapidamente se tornando o destino de todos os resistentes que são forçados a se esconder ainda mais.
Talvez a pior catástrofe em toda essa confusão profana, da qual esta recente Conferência é apenas mais um elo na cadeia de concessões e traições, seja a falta de preocupação por parte do clero e dos fiéis. Incluo aqui os tradicionalistas, que permaneceram quase completamente em silêncio sobre a tremenda traição da heroica Igreja Subterrânea na China que começou com a desastrosa Carta aos Católicos Chineses que Bento XVI lançou em 30 de junho de 2007.
Naquela carta, Bento XVI convidou os membros da Igreja Subterrânea a assistir às missas do CPA aprovadas pelos comunistas. Ele também despojou os Bispos Subterrâneos de suas faculdades de ordenar novos bispos e padres. Mas é claro que essas diretrizes levaram a concessões cada vez mais vergonhosas, que vieram à tona na Conferência Vaticano/China de maio de 2024 que analisamos hoje.

Somente idosos rezando na igreja CPA - jovens não são permitidos
A propósito, Janete soube que o Vaticano havia patrocinado recentemente uma grande conferência na Pontifícia Universidade Urbaniana, em Roma, e ela se perguntou no que isso teria ajudado a Igreja Católica Subterrânea, que parece ter desaparecido das notícias.
Lamento dizer à minha amiga, eternamente otimista, que certamente não o fez. Na verdade, a Conferência só contribuiu para piorar a situação dos fiéis católicos na China, fazendo mais concessões à CPA controlada pelos comunistas.
Conferência em Roma
Em 21 de maio de 2024, o Vaticano patrocinou uma grande Conferência internacional Roma-China comemorando o legado do Concílio de Xangai de 1924, o primeiro concílio plenário realizado na China em comunhão com Roma para promover um clero e uma hierarquia chineses autóctones. Com efeito, essa chamada “comemoração” foi apenas um pretexto para mostrar que o Papa Francisco continua comprometido em fazer todos os compromissos com o regime comunista chinês.

Card. Tagle promovendo a conferência China-Roma
O lado da China incluía o notável jogador estrela Bispo Joseph Shen Bin de Xangai, presidente da Conferência dos Bispos Católicos Chineses, controlada pelo governo, mas não é oficialmente reconhecida pelo Vaticano. Isso significa que ele estava representando o Governo Comunista Chinês e não a Igreja Católica.
O Bispo Shen Bin é ainda mais controverso, pois no ano passado as autoridades chinesas – violando seu acordo com Roma – o designaram para o posto de Arcebispo de Xangai sem consultar o Papa. Não houve protesto formal como deveria ter havido. Em vez disso, Francisco aceitou o desaforo chinês e respondeu com uma ratificação quase imediata da escolha.
A presença de Shen Bin como orador principal na Conferência de Roma pode ser vista como uma afirmação adicional de que a Santa Sé apoia a decisão do regime chinês de agir unilateralmente na nomeação de Bispos.
O Bispo Shen Bin exige, o Vaticano ouve
O Bispo Shen Bin foi intransigente. Exigiu ele que a Igreja Católica na China continuasse seu programa de "sinicização", que é essencialmente "comunização.” O termo, inventado pelo líder chinês Xi Jinping em 2016, significa que o catolicismo na China deve seguir os “valores socialistas essenciais” do país, ou seja, a ideologia do Partido Comunista Chinês.

Francisco lê sua catequização ao lado de uma estátua modernista de uma mulher em trajes sem mangas e reveladores do corpo
Ele não disse a verdade como ela é, pois ele apoia claramente a ideologia comunista. De fato, Francisco abriu a Conferência de Roma com uma mensagem em vídeo na qual reconheceu que a Igreja na China comunista deve “ter cada vez mais um rosto chinês” e, assim, alinhar-se à ideologia comunista.
Em seus discursos, tanto o Cardeal Parolin, um dos principais arquitetos do acordo de 2018, quanto o Cardeal Tagle reafirmaram que a Igreja Católica não representa nenhuma ameaça ao controle de Pequim sobre a Igreja e até mesmo chegou a admitir humildemente os "erros" do passado cometidos por missionários ocidentais em seus valentes esforços de conversão.

Um Shen Bin firme, à esquerda, com um aquiescente Card. Parolin
É nada menos que uma confirmação do acordo de Roma em colocar a Fé Católica no mesmo nível dos credos das falsas religiões. Ou melhor, como Guimaraes observa, “é o sonho de uma República Universal ou de uma Ordem Mundial Única, assistida de modo subserviente por uma Pan-Religião na qual todas as convicções religiosas devem se fundir e se fundir.”
O fato de Tagle apresentar esses dois exemplos demonstra claramente a posição do Vaticano na conferência China-Roma.
Tanto Tagle quanto Parolin efetivamente endossaram as demandas estabelecidas pela insistência do Bispo Shen Bin na "sinicização" da Igreja Católica na China. “A política de liberdade religiosa implementada pelo governo chinês não tem interesse em mudar a fé católica, mas apenas espera que o clero e os fiéis católicos defendam os interesses do povo chinês e se libertem do controle de potências estrangeiras,” disse Shen Bin em seu discurso.

Um Papa que não aceita nenhuma ideologia exceto o comunismo
Nenhum dos palestrantes na Conferência de Roma ousou falar ou criticar sobre a violação dos direitos humanos ou da liberdade religiosa na China. Isso, apesar dos relatórios oficiais da Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional que revelam perseguições crescentes e condições deterioradas para a liberdade religiosa.
Os Cardeais fizeram um pedido humilde por parte do Vaticano, uma solicitação de “uma presença estável” na China, implicando um possível escritório em Pequim. Eles não ousaram propor uma embaixada ou nunciatura apostólica, apenas um escritório... É o Vaticano que implora e os comunistas que deliberam e decidem...
A nova repressão à Igreja subterrânea
É claro que os resultados desta Conferência piorarão a condição da Igreja Subterrânea na China, que embora muito reduzida ainda sobrevive e resiste valentemente aos compromissos com o Comunismo.

Os fiéis católicos da Igreja Subterrânea enfrentam uma perseguição crescente
Entre muitas outras detenções, há o caso do Bispo Ma Daqin, ex-bispo de Xangai que está em prisão domiciliar desde que deixou as fileiras da CPA. O governo chinês nomeou unilateralmente um novo bispo da CPA de Xangai em abril de 2023. Isso não foi apenas uma violação do acordo Pequim-Roma de 2018, mas uma falha em protestar contra a prisão domiciliar de um Bispo católico fiel.

Uma escada que a polícia do Condado de Taining instalou para prender um padre da Igreja Subterrânea
Talvez a pior catástrofe em toda essa confusão profana, da qual esta recente Conferência é apenas mais um elo na cadeia de concessões e traições, seja a falta de preocupação por parte do clero e dos fiéis. Incluo aqui os tradicionalistas, que permaneceram quase completamente em silêncio sobre a tremenda traição da heroica Igreja Subterrânea na China que começou com a desastrosa Carta aos Católicos Chineses que Bento XVI lançou em 30 de junho de 2007.
Naquela carta, Bento XVI convidou os membros da Igreja Subterrânea a assistir às missas do CPA aprovadas pelos comunistas. Ele também despojou os Bispos Subterrâneos de suas faculdades de ordenar novos bispos e padres. Mas é claro que essas diretrizes levaram a concessões cada vez mais vergonhosas, que vieram à tona na Conferência Vaticano/China de maio de 2024 que analisamos hoje.

Parolin desiste, Shen Bin sorri

Postado em 16 de abril de 2025
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